terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Mensagem do I Ching para 2015

O que é o I Ching
O I Ching é um oráculo chinês com mais de três mil anos de existência. Diz-se que é o mais antigo livro chinês. Sua função é filosófica, fazer os homens pensarem sobre a própria vida. Ele é baseado nos elementos e forças da natureza – água, terra, fogo, ar, madeira, chuva, trovões, lago, vento; portanto, xamânico. A parte divinatória é secundária, e serve de ajuda para momentos de obscuridade.

Como se joga o I Ching?
Para se chegar aos hexagramas (formados por trigramas) – as seis linhas que nos trazem as mensagens – são necessárias combinações matemáticas de três moedas (no sistema cara e coroa); ou de varetas – estas mais complicadas –, obtidas através de seis jogadas. Usam-se normalmente as moedas para chegar aos dois hexagramas que compõem a leitura. O primeiro corresponde à questão principal; o segundo é a conseqüência do primeiro. É obrigatório fazer uma pergunta clara antes de iniciar o jogo.

Portanto, fiz uma pergunta ao oráculo para nos orientar no próximo ano:

I Ching, uma mensagem para o ano de 2015

Ele respondeu com o hexagrama 
36 – MING/ Obscurecimento da luz (sem mutante).

O Sol mergulhou sobre a terra e está obscurecido, o significado do hexagrama é “lesão do luminoso”. No texto há muitas alusões a ferimentos e diz que “um homem tenebroso ocupa a posição influente e causa malefícios aos homens capazes e sábios”,
Ele nos aconselha a ter perseverança no íntimo de nossas consciências diante das adversidades provocadas por esta situação. Precisamos ser fortes e não nos deixarmos abater, mantendo a fortaleza interior

É uma mensagem densa que fala de períodos difíceis. Precisamos nos preparar para as adversidades provocadas pela situação de um poder que obstrui a luz. E o I Ching nos ajuda através de alguns conselhos bem objetivos:

  •         Conservar a clareza interior.
  •         Ser adaptável no plano externo.
  •         Ocultar um pouco a própria luz nos ambientes hostis.
  •         Ser cuidadoso e discreto.
  •         Não atrair inimizades por conta de condutas impensadas.
  •     Não pretender saber tudo nos contatos sociais, porém, não se deixar enganar.
  •       Não se deixar levar pelos maus hábitos da maioria, porém, não criticá-los publicamente.


Ter consciência do que nos espera é o principal elemento de ajuda para seguirmos o caminho. Desejo que todos compreendam as palavras do oráculo e saibam aplicá-las individualmente na própria vida. A LUZ não permanece obscura para sempre e os homens de bem saberão fazê-la brilhar novamente através de ações iluminadas por seus corações.


Boas festa e um Ano Novo cheio de luz interior! 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A carta da vez: Os enamorados



Depois de um período conturbado de disputa política com rivalidades expostas e polaridades trocando ofensas, o tarô nos propõe uma trégua: os enamorados  – a carta do amor. Que belo momento para refletir sobre isso. As redes sociais mostraram sua possibilidade de servir tanto para o bem quanto para o mal. Muitos véus caíram e as queixas vêm dos dois lados. Ouvi petistas reclamando de excessos da oposição e senti na própria pele ofensas do PT... Foi bom perceber que o Facebook não é o “país das maravilhas” que aparenta ser com tantos gatinhos, cachorrinhos e passarinhos fofos enfeitando a vida de todos os seus participantes.  Sem falar nas correntes de solidariedade, nas fotos saudáveis de pessoas bonitas, iluminadas, sempre sugerindo alto astral e felicidade. Já repararam que ao vivo e a cores nos surpreendemos com muitas dessas pessoas reclamando de tristeza, depressão, problemas seríssimos em família? Não que a rede sirva para despejarmos problemas e recalques em cima de todos os “amigos” (embora até isso tenhamos que pular em alguns posts desnecessários de tragédias “alheias”, é claro...), porém os disfarces são tantos que o espaço de nossos “feeds” torna-se uma ilusão.

É preciso saber usar as redes sociais para nossos interesses pessoais e sociais. Fenômeno recente, aos poucos iremos aprender. Ouvi de um professor, num curso de especialização, algo que se tornou fundamental em meu relacionamento nas redes sociais: “Antes de usar uma rede social é preciso saber o que você espera dela. Por ser um caminho de ida e volta, o que você projetar é o que receberá de volta. Se o usuário quer relacionamentos, aprenda a se relacionar; se precisa de afeto, seja afetuoso; o objetivo é ser popular aceite muitos amigos e divulgue-se bem; interesses comerciais, explore as fan pages.” E por aí vai. Princípio básico: quem não gosta de se expor, seja discreto, senão será abatido pelo “fogo amigo”. E foi isso que vi acontecer neste período eleitoral, muitas pessoas reclamando de ofensas ou descasos de amigos e, pior, algumas amizades desfeitas. Que fique a lição. Ainda não conhecemos todos os poderes dessas novas ferramentas.

O que o tarô nos sugere através da carta dos enamorados é um bom caminho para todos os nossos relacionamentos, virtuais ou pessoais, depois deste momento turbulento, o amor. Sejamos cordiais, acolhedores, respeitosos, cúmplices e parceiros na reconstrução de um novo país que consolida sua democracia. É preciso lembrar que estamos vivendo o mais longo período de democracia de nossa história – 26 anos ininterruptos pós constituição de 1988. Considerando 514 anos de descobrimento, estamos engatinhando ainda. E o maior caminho para a prática do amor numa sociedade ainda é a democracia. 

Termino com uma frase do poeta Leon Paul Fargue, presente de mestre Arthur da Távola em uma de nossas trocas de correspondência:


Discussão somente é útil entre pessoas que pensam com afinidades e mesmo assim, apenas por questões de matizes.”

domingo, 7 de setembro de 2014

Viramos estrelas?



(...) “Nosso corpo traz a história do universo. Todas as células foram tecidas por moléculas feitas de átomos engendrados no Big Bang e cozinhados no calor das estrelas. Somos feitos de matéria estelar. Na intimidade atômica, cada partícula é também onda, como se a natureza risse de nossa lógica cartesiana incapaz de apreender que toda matéria, inclusive nosso corpo, é energia condensada.
Espírito não é algo que se opõe à carne, mas sua expressão mais profunda e luminosa. É fantástico que a própria natureza, em trajes bordados pela química e em baile ritmado pela física, tenha aflorado em seres dotados de inteligência capaz de decifrar os seus enigmas e apreender seu sentido.” (Frei Betto, Coluna Religião, O Globo, 19/06/2014)
Que bonito! Então quando alguém morre e dizemos para as crianças que a pessoa virou estrela, estamos ensinando física quântica? Não há nada de poético nem religioso nesta afirmação? Apenas ciência? A morte é uma transmutação de um estado sólido para outros menos densos, até atingir as moléculas estelares? Isto é uma consolação, uma simplificação, ou a derrubada total de todos os conceitos por nós vividos em milênios de religiões? Estaremos mesmo apreendendo os sentidos da natureza, através da inteligência? Então porque a morte ainda é tão difícil de encarar?
Impossível voltar a escrever minha coluna, depois de quatro meses afastada, sem refletir sobre a morte. Ela vem invadindo minha (e nossas) vidas, nesse ano de 2014, de forma implacável. Foi sem dúvida o motivo de meu silêncio nos últimos meses por estar mergulhada na escuridão do buraco negro que engole a matéria dos entes queridos que se vão. Foram duas irmãs em menos de quatro meses. Uma muito doente trilhou a passagem com coragem e muito sofrimento. A outra nos pegou de surpresa. Partiu sem avisar, fora da (nossa) hora, impetuosa e devastadoramente. Não foi acidente, mas um desastre! O barulho do Big Bang de seu buraco negro ecoa até agora e ainda não estou vendo as luzes estelares brilharem no firmamento... Verei, tenho certeza. E junto com as irmãs de sangue verei também o resplandecer da, quase prima, assassinada, subitamente no Rio e da colega de redação em O Globo, Sonia Biondo. Que arrebatamento é esse que levou para as nuvens cósmicas pessoas tão jovens? É certo que eram brilhantes e, talvez, já tivessem ultrapassado a vibração do planeta terra. Quem sabe já não teria entendido e decifrado os “enigmas” citados por Frei Betto?
Na política, assistimos o desaparecimento de Eduardo Campos e sua equipe. Gente que pretendia transformar o Brasil, mas já estava em tempo de “se transformar”... Será que essas energias, agora, estelares farão brilhar também as estrelas de nossa bandeira?
Pois é pessoal, estou assim, cheia de perguntas e conjecturas. Tentando apreender os indecifráveis enigmas da vida para me conformar com o buraco negro da saudade e acreditar que do lado de lá (dele), explode uma supernova cheia de energia estelar para iluminar a nós que ainda estamos condensados na matéria.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O problema do mundo pequeno



No Livro da Boa Sorte – como aproveitar o acaso e as coincidências, de Steve Richards, o autor cita o problema do mundo pequeno e diz que é um paradoxo de viajantes. Você está passando férias em Paris e se depara com o vizinho de cima, no elevador da Torre Eiffel. Ou passa um ano nos Estados Unidos e conhece um antigo companheiro de forças armadas de seu pai. Melhor ainda é estar na Austrália e descobrir que o garçom que serve sua mesa é sobrinho de sua massagista.
Segundo Steve Richards essas incríveis coincidências são muito mais prováveis do que podemos imaginar. Ele diz que Ithiel De Sola Pool, do MIT e Manfred Hochen, da IBM, calcularam matematicamente que, se cada pessoa em um país do tamanho dos Estados Unidos conhece cerca de quinhentas pessoas, pelo menos casualmente, as probabilidades de que cada duas pessoas se conheçam são de cerca de 200.000 para 1.
Se introduzirmos os intermediários na questão (se eles não se conhecem, mas conhecem uma terceira pessoa) as chances são ainda maiores. É provável que cada duas pessoas nos Estados Unidos estejam ligadas por não mais do que dois desses intermediários. Outras pesquisas indicam que a margem talvez seja um pouco maior – cinco intermediários. Mesmo assim, ainda é um número impressionante. Em um país do tamanho da Inglaterra não é unicamente possível como também matematicamente provável que não haja mais de uns poucos desses intermediários entre qualquer dos leitores e o primeiro ministro, ou até mesmo a rainha.
Steve dá um exemplo famoso e conta que três das principais figuras da Segunda Guerra Mundial – Winston Churchill, Franklin Roosevelt e o General Douglas MacArthur – eram primos entre si, todos descendentes de uma mulher pouco conhecida de Tauton, Massachusetts, chamada Sarah Barney Belcher. MacArthur era primo em oitavo grau de Churchill e primo em sexto grau de Franklin Delano Roosevelt.
Um exemplo familiar: há mais de 50 anos minha família perdeu um tio desportista num trágico acidente no treino para uma competição panamericana, no Clube Fluminense, no Rio. Há poucos anos, numa viagem de férias ao Sul do país, um jovem sobrinho, conversando com um companheiro de poltrona, referiu-se ao fato. O homem, muito surpreso disse que havia presenciado o acidente, pois era atleta do clube e também estava no estádio naquele dia.
É interessante fazer um joguinho em cima dessas informações e pesquisar os intermediários e as ligações cruzadas em nossas vidas. Veremos como o mundo é pequeno mesmo!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Uma oração para a páscoa

 

Um Pai Nosso diferente
 
Não posso dizer PAI NOSSO, se não vejo em todos os homens irmãos
meus.

Não posso dizer, QUE ESTAIS NOS CÉUS, se o que me preocupa são os
meus bens da terra.

Não posso dizer SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME, se nao deixo o a-
mor de Cristo crescer em mim.

Não posso dizer SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, se divinizo as minhas
vontades, se o que importa é o que eu quero.

Não posso dizer O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE, se não sou
capaz de repartir meu pão com os necessitados.

Não posso dizer, PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO NÓS PERDOA-
MOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO,
se minha vida é
 permanente ofensa à
justiça, à
caridade.

Não posso dizer e NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRAI-NOS
DO MAL
, se fecho os olhos
 à mão estendida, os ouvidos ao pedido,
se fujo de minhas responsabilidades como homem na construção de um
mundo melhor.

Não posso dizer AMÉM, porque minto se nao aceito tudo isto.
 
(Origem desconhecida) 

 

 

domingo, 23 de março de 2014

Caem as folhas*



Chegou o outono e com ele ficamos mais recolhidos e interiorizados. Caem as folhas das árvores buscando a renovação. Vamos deixar cair também as nossas folhas velhas, os padrões que nos prendem a uma realidade ultrapassada. Viver o outono é viver a possibilidade do desprendimento.

Vamos observar e copiar a natureza tão sábia em seus ciclos. É impossível imaginar uma árvore se prendendo ao padrão antigo e impedindo suas folhas de envelhecerem e se desprenderem. A cada outono corresponde uma mudança visível. E nós, onde estão nossas mudanças? O que fazemos com nossas folhas velhas?

A Nova Era exige que encaremos nossos padrões emocionais antigos e partamos para as mudanças. Isto é o que é ultrapassar o carma e realizar a verdadeira transformação. Vamos virar árvores sem folhas com coragem e resolução neste outono?

*Editorial publicado no extinto jornal Pendulo em abril de 1995


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Perdas e recomeços

Carta da morte no baralho cigano

De tempos em tempos, a vida nos convoca a dar uma parada, viver períodos de recolhimento e reflexão em função de vários acontecimentos. A perda é um desses momento. Podem ser perdas de pessoas, afetos, e até mesmo de bens materiais. Deixar partir, desapegar, desprender é muito difícil. Um dos nossos maiores desafios de aprendizado e crescimento. E, nessas horas, são mobilizadas energias poderosas para abrir caminhos, terminar ciclos e iniciar novos tempos. Devemos navegar a favor da maré, largar o corpo e esperar chegar na praia, novamente.
Perdas são ocasião de renovação, renascimento, crescimento. Olhar o que se foi, sem se agarrar ao passado, apenas sorrindo para o bem que vivemos é o que nos impulsiona para a continuidade da vida. Empurrar o tempo, pensar no futuro, enxergar o novo e se regozijar com ele, nos ajuda a vencer as tristezas e lamentos do que se foi.

Não estou falando só da morte, mas de fins de relacionamentos, mudanças de casa, cidade, país, perdas de status, emprego, dinheiro. Grandes oportunidades de libertação e transformação radical. No tarô, vivenciamos isso na carta da Morte; na astrologia com o planeta Plutão. Grandes Mestres que nos trazem lições de recomeços e limpeza.

No entanto, para viver tudo isso e crescer, precisamos parar de olhar para trás com olhos de tristeza e renovar nossas esperanças. Deixar entrar a energia da renovação que todas estas vivências nos estão mostrando, justamente pela ausência, pelo não existir mais. Há um recado precioso nas perdas. É preciso saber ouvi-lo.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

I Ching para 2014


 

60 – CHIEN / Limitação

41 – SUN / Diminuição

Hexagrama principal
Contém dois elementos: água e lago. A água é ilimitada, porém o lago a limita. Quando há água demais no lago, ele transborda e alaga, inunda suas margens. A palavra chinesa para limitação é a mesma que denomina os nós que dividem o talo do bambu. Na vida diária, significa economia, que limita as despesas. Em relação à moral, refere-se aos limites firmes que o homem superior impõe à suas ações ligadas à lealdade e desinteresse.

O oráculo nos diz que toda limitação terá sucesso! Porém, adverte que não se deve impor limitações amargas aos homens. Ele fala da necessidade de viver, economicamente, em épocas normais para estar preparado para períodos de carência. Estão aí incluídas as questões ecológicas – falta de recursos hídricos e energéticos -; consumismo abusivo e excesso de gastos públicos.

O I Ching lembra que as limitações se encontram na natureza ordenadas pelo dia e pela noite e pelas quatro estações. Se seguirmos os ciclos naturais da vida já estaremos nos impondo limites. É assim que devemos traçar limites para as nossas despesas pessoais e para as despesas públicas no ano que começa, preservando dessa forma os nossos bens. O oráculo adverte que há situações que exigem sérias limitações para se chegar a algum resultado.

No entanto, o mestre lembra que há limites para as limitações. Todo exagero leva ao descontrole e à perda do domínio pessoal levando aos extremos opostos: gastar demais, comer demais.

Para que os homens se fortaleçam, os limites devem ser impostos pelo dever e serem aceitos voluntariamente pelos homens. Somos espíritos livres e todo limite precisa ser espontâneo.

No entanto, os governantes, líderes e homens de bem têm que impor restrições a si mesmos, antes de limitar seus subordinados. Além disso, o oráculo lembra que é possível realizar obras, mesmo com recursos modestos. Não se deve usar a justificativa de falta de verbas para a imobilização.

Hexagrama mutante

O hexagrama mutante fala de diminuição e lembra que diminuição não é ruim, é simplesmente diminuição. Aumento e diminuição vêm ao seu tempo. O oráculo diz que é necessário o deslocamento de bens da sociedade, sem que se esgotem as fontes de riqueza da nação, Ele adverte, especialmente, para prover as classes menos favorecidas nos momentos de carência.

Para o I Ching, épocas de recursos escassos despertam verdades internas. A simplicidade provê a força necessária para novos empreendimentos. Deve-se recorrer à força interior para suprir a carência externa. Os sentimentos do coração podem se manifestar mesmo em épocas de recursos escassos.

O I Ching fala também da diminuição da ira em detrimento do aumento da tranquilidade interior e que os instintos podem ser controlados pelas restrições circunstanciais, enriquecendo os aspectos superiores da alma.
 
Feliz Ano Novo com muita economia para todos!