segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Louco - para os que vão viajar

Tirei uma carta para quem vai viajar em janeiro e saiu o Louco. Não podia ser mais oportuno! Aquele que inicia a jornada, que vai percorrer o caminho das 21 cartas do tarô e é o próprio viajante, trás um recado para seus companheiros de trajeto. Porém, é preciso observar todos os significados deste arcano: inícios de ciclos, novos caminhos, desapego, despojamento, oportunidades, deixar para trás o que não serve mais, aprender, aceitar desafios, confiar nos “verdadeiros amigos” (representado pelo cão, sempre ao lado da figura da carta). Portanto, o Louco nos fala das viagens produtivas, aquelas mais simples e corajosas que decidimos empreender. Sem muita bagagem, sem apelos consumistas, com o pé no chão, fé, uma flor na mão e coragem no coração. Ele nos indica o caminho a perfazer sem expectativas e ilusões, dispostos a ver um mundo novo, aonde quer que vamos – de uma passada pela cidade vizinha a um trajeto através de continentes e mares. O importante é manter a mente aberta e apreender o que se impõe a nossos olhos, intelecto e coração durante a caminhada. Viajar assim é se enriquecer, material e espiritualmente e voltar de malas cheias de novas experiências, conhecimentos e amizades (e de alguns bens materiais, também, que ninguém é de ferro para escapar do consumismo do mundo atual!...).

Viagens nos ajudam a reciclar, ver o mundo de uma forma diferente, mudar as rotinas desgastantes do dia a dia. Muitas vezes, testam nossa coragem de investir no lazer uma grana que não sabemos se fará falta mais para frente... Ao mesmo tempo, reafirmam nossa crença em nós mesmos e na capacidade de produzir o necessário para, além de sobreviver, aproveitar a vida por aí! Os resultados positivos serão contabilizados não só nos dias de férias, mas ao longo do ano todo. Cabeça fresca, novas informações, divertimentos e cultura são, atualmente, indicação médica contra o estresse, ansiedade e angústias. É por isso que adorei a carta que o cosmo nos mandou.

E como não sou boba, esta semana embarco nesta energia. É claro que não vou de trouxinha (a mala é até bem grandinha) e em vez de cachorro tenho como companhia minha irmã caçula (com fiel e alegre alma canina, é verdade!). Vou dar o braço ao Louco e partir na minha viagem de férias com uma flor no coração. Na volta eu conto!

domingo, 6 de janeiro de 2013

"Olho gordo"

Começo o ano com um pensar do rabino Sholem Aleichem tirado do livro A cabala da inveja*, de Nilton Bonder. Fala de preservação e cuidados com a expressão de nossa felicidade e de como devemos cuidar de nossas palavras e saber como e a quem dirigi-las. Uma bela reflexão judaica sobre a alma humana. Feliz Ano Novo!

“'Uma pessoa deve sempre levar em conta os sentimentos de seus vizinhos... Portanto, se eu tivesse ido a uma feira, por exemplo, e lá viesse a obter bons resultados, conseguindo vender tudo com um bom lucro, e retornasse com meus bolsos cheios de dinheiro, e meu coração palpitando de alegria, não deixaria de dizer a meus vizinhos que tinha perdido até o último de meus copeques -, que era um homem arruinado. Assim, eu ficaria feliz e meus vizinhos ficariam felizes. Porém, se ao contrário, tivesse perdido tudo na feira e trouxesse comigo um coração angustiado, teria o cuidado de dizer que nunca, desde que Deus criou as feiras, houve uma tão maravilhosa como aquela. Vocês me entendem? Sim, pois assim eu me sentiria muito infeliz e meus vizinhos, também, junto comigo...'

Ao lidarmos com a inveja e com os conflitos afetivos em relação ao outro, os rabinos nos explicam, estamos explorando as fronteiras do ser humano. Da mesma forma que é humanamente mais sofisticado estar contente do que é estar triste, ou que as lágrimas nos são mais acessíveis que a gargalhada, também na questão da solidariedade e do amor é mais fácil sermos empáticos ao sofrimento e fracasso do outro do que participarmos do sucesso e alegria do outro. Nesta fronteira nos flagramos e nos descobrimos."

* BONDER, Nilton. A cabala da inveja. RJ: Imago, 1992.