sábado, 28 de setembro de 2013

A era da imprevisibilidade

 

Quem esperar estabilidade nos tempos atuais vai se frustrar cada vez mais. A grande lição de quem vive no terceiro milênio é aprender a conviver com a instabilidade. Nada mais de empregos duradouros, cargos vitalícios, vida enraizada em cidades, países, continentes. Casamentos não são mais para toda a vida. Relações afetivas se sucedem como os namoricos de antigamente. A juventude não namora mais: "fica”. Filhos voam precocemente e aterrissam em terras distantes. Amigos partem para novas experiências e ficamos sem os companheiros de café, cinema, bar e longas conversas. Apartamentos alugados são pedidos para venda imediata. Imóveis próprios localizados em locais bucólicos, sem vizinhos, com vistas maravilhosas são invadidos por novas incorporações de muitos andares e torres de celulares. E por aí vai. 


Aposto que todo mundo tem itens para acrescentar a esta minha lista de mudanças súbitas nas nossas rotinas. Quem não passou pela experiência de ligar para um amigo e descobrir que o celular mudou? Ou falar com alguém que não via há algum tempo e ficar sem graça com a notícia de uma inesperada separação? Procurar por uma pessoa e se surpreender ao saber que ela está morando fora do país? Falar com amigas e verificar que os filhos crescidos migraram? Perguntar por aquela loja de sapatos feitos a mão, que sempre foi a minha preferida, ou o açougueiro que me servia tão bem, e ouvir que fechou, e o funcionário foi embora?  


Zigmunt Bauman, o sociólogo polonês radicado na Inglaterra, diz que saltamos de uma longa era de tempo cíclico e linear para uma nova organização de tempo a qual denomina de "modernidade líquida”. Para ele, "um tempo sem seta, sem direção, dissipado numa infinidade de momentos”. Na opinião do filósofo, neste tempo as oportunidades são imprevisíveis e incontroláveis e exige de nós uma vigilância constante que gera ansiedade e a sensação de ter perdido algo. Parece que estamos constantemente correndo atrás de alguma coisa que não sabemos bem o que é. Na verdade, esta é uma era que não nos deixa espaço para perder tempo, este bem precioso que não aprisionamos mais.


A sensação de instabilidade é tamanha que nos empurra para uma busca de especialidades diversas da medicina que terminam, cada vez mais, nos consultórios dos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas. Queremos saber se esta ansiedade é só nossa, uma doença, ou sinal dos tempos. E quem pode responder? Ajudar? Muitos terminam nas tarjas pretas, tão comuns às mesas de cabeceira do século XXI.


Outras correntes, à margem da medicina dizem que é dessa imprevisibilidade que se constitui a "Era de Aquário”. São as energias uranianas — de alta potência — preparando o planeta para novas e aceleradas vibrações que não combinam com raízes, situações fixas, relações cristalizadas. E como ficam os conservadores, arraigados, apegados e imutáveis? Todos nós precisamos de uma nova adaptação, pois tudo acontece tão rápido que não nos dá chance de parar para pensar — não há mesmo mais tempo para isso. As mudanças invadem nossas vidas como tsunamis devastadores.


Diante desta aceleração, seja ela dos tempos da modernidade líquida de Bauman, ou das alterações energéticas do planeta, precisamos encontrar caminhos alternativos. Alguns deles nos são oferecidos pelas medicinas orientais — meditação, acupuntura, entre outras —, somadas às correntes de vida saudável da medicina convencional — exercícios aeróbicos, boa alimentação e bom sono. A nova era é holística, ela não separa, soma. Se cuidarmos de nós mesmos como um todo, quem sabe, abriremos novos canais que nos permitam vivermos novos tempos em uma nova vibração?  
 
(Artigo publicado na coluna "Ponto de vista", do jornal A Voz da Serra, Nova Friburgo, em 21/09/2013)
 
PS - Por falar em mudanças, observem as novidades do site de Anna Ramalho que abriga meu blog. Ela também está na vibe da Nova Era! www.annaramalho.com.br
 
 

domingo, 15 de setembro de 2013

Uma carta cigana


Há dois domingos fui a uma festa cigana. Muita alegria, boa comida, fogueira e previsões. Tudo de que eu gosto. Isto me instigou a escolher uma carta do baralho cigano para postar aqui no blog. As cartas ciganas são diferentes do tarô, mais objetivas, materialistas e concretas. Uso-as quando quero pé no chão, respostas claras e rápidas num panorama energético amplo. Chamo-as de “o baralho fofoqueiro”. Não que não abranjam o plano espiritual também. Mas até quando olham o sutil o fazem de uma forma mais focada e fácil de captar. Tenho pessoas que só querem as cartas ciganas. Outras, mesmo sendo adeptas do tarô, em alguns momentos, pedem a energia cigana para ajudá-las a decifrar algum “enigma”.
Depois desta introdução, vamos lá, a carta que retirei foi a da raposa. Uau! Cuidado! A raposa é ladina e come os animais que os ciganos criam, portanto, não são bem vistas por eles. Quando a carta da raposa aparece, é preciso olhar bem as outras cartas ao redor para investigar possibilidades de fofocas, disse me disse, mal entendidos e saber de onde procedem. No nosso caso, a raposa está sozinha, não fiz um jogo, apenas um sorteio. Temos que analisar a energia da raposa isoladamente. Para isso, primeiramente devemos nos resguardar de abrir muito a boca. Se a energia da fofoca está no ar, é de bom tom evitá-la. E só conheço um caminho; não contar nada que não queira que seja divulgado e não divulgar nada que não seja de nossa conta! Atenção, estamos num momento de encolha. Todo cuidado é pouco para fugir de interpretações equivocadas.
Porém, a raposa é esperta! Ela sabe por onde atacar. Tem excelentes estratégias para atingir seus objetivos. Vamos combinar que esses atributos são ótimos para serem explorados em algumas situações de nossa vida? Sem a associação com o mal, esta agilidade da raposa pode ser bem positiva. Mas lembrem bem, o dito animal age sozinho, sem ficar alardeando onde está a presa. Para ela, o segredo é a alma do bom resultado da caça. Se fizer muito barulho, as galinhas cacarejam alto e os ciganos surgem para protegê-las. Quer alguma coisa? Haja em silêncio, seja reservado.
Outra característica da raposa é a rapidez. Ela é ágil em sua caça, não desperdiça energia, concentra-se no objetivo e parte para a ação. Este uso do tempo certo ajuda-a em seus bons resultados. Vamos ser como elas? Nada de indecisão, esperar demais, pensar, dar um tempo. A hora é agora, abocanhe sua presa! Aproveite as oportunidades do momento para melhorar seus desempenhos. É hora de apresentar projetos, programar viagens, fazer concursos e realizar bons negócios. Mas, lembrem-se, sempre de boca fechada!
É dona raposa, gostei de sua inspiração. Obrigada por ter mostrado sua cara tão claramente. Bom rever conceitos que muitas vezes esquecemos de usar por confundi-los com maldade, esperteza, maledicência e outros substantivos de conotação negativa. É isso aí, positivo e negativo andam de braços dados. Um não é bom e o outro ruim. São apenas polos diferentes que quando em equilíbrio geram a luz.
Sejam raposas e aproveitem os resultados. Depois me contem. Boa semana!