Depois de um período conturbado de disputa política com rivalidades expostas e polaridades trocando ofensas, o tarô nos propõe uma trégua: os enamorados – a carta do amor. Que belo momento para refletir sobre isso. As redes sociais mostraram sua possibilidade de servir tanto para o bem quanto para o mal. Muitos véus caíram e as queixas vêm dos dois lados. Ouvi petistas reclamando de excessos da oposição e senti na própria pele ofensas do PT... Foi bom perceber que o Facebook não é o “país das maravilhas” que aparenta ser com tantos gatinhos, cachorrinhos e passarinhos fofos enfeitando a vida de todos os seus participantes. Sem falar nas correntes de solidariedade, nas fotos saudáveis de pessoas bonitas, iluminadas, sempre sugerindo alto astral e felicidade. Já repararam que ao vivo e a cores nos surpreendemos com muitas dessas pessoas reclamando de tristeza, depressão, problemas seríssimos em família? Não que a rede sirva para despejarmos problemas e recalques em cima de todos os “amigos” (embora até isso tenhamos que pular em alguns posts desnecessários de tragédias “alheias”, é claro...), porém os disfarces são tantos que o espaço de nossos “feeds” torna-se uma ilusão.
É preciso saber usar as redes sociais para nossos interesses pessoais e sociais. Fenômeno recente, aos poucos iremos aprender. Ouvi de um professor, num curso de especialização, algo que se tornou fundamental em meu relacionamento nas redes sociais: “Antes de usar uma rede social é preciso saber o que você espera dela. Por ser um caminho de ida e volta, o que você projetar é o que receberá de volta. Se o usuário quer relacionamentos, aprenda a se relacionar; se precisa de afeto, seja afetuoso; o objetivo é ser popular aceite muitos amigos e divulgue-se bem; interesses comerciais, explore as fan pages.” E por aí vai. Princípio básico: quem não gosta de se expor, seja discreto, senão será abatido pelo “fogo amigo”. E foi isso que vi acontecer neste período eleitoral, muitas pessoas reclamando de ofensas ou descasos de amigos e, pior, algumas amizades desfeitas. Que fique a lição. Ainda não conhecemos todos os poderes dessas novas ferramentas.
O que o tarô nos sugere através da carta dos enamorados é um bom caminho para todos os nossos relacionamentos, virtuais ou pessoais, depois deste momento turbulento, o amor. Sejamos cordiais, acolhedores, respeitosos, cúmplices e parceiros na reconstrução de um novo país que consolida sua democracia. É preciso lembrar que estamos vivendo o mais longo período de democracia de nossa história – 26 anos ininterruptos pós constituição de 1988. Considerando 514 anos de descobrimento, estamos engatinhando ainda. E o maior caminho para a prática do amor numa sociedade ainda é a democracia.
Termino com uma frase do poeta Leon Paul Fargue, presente de mestre Arthur da Távola em uma de nossas trocas de correspondência:
Discussão somente é útil entre pessoas que pensam com afinidades e mesmo assim, apenas por questões de matizes.”
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