sábado, 23 de março de 2013

O papa profeta

Estátua do Papa João XXIII, na entrada da igreja de Santo Antonio de Pádua, em Istambul


Há alguns anos chegou às minhas mãos um livro chamado “As profecias de João XXIII”*. Estranhei o título, mas como estava mergulhada nas  pesquisas para meu romance “A Grande Luz”, que trata de previsões, acrescentei-o às leituras e me envolvi no conteúdo, inclusive, incluindo uma das profecias em minha obra.
Desde aquela época, o tema profecias me atrai e passou a fazer parte de meus estudos. Sempre que surge um fato importante, debruço-me sobre os escritos de Nostradamus, Malaquias, Ramatis, Edgar Cayce, entre outros, e fico dias elaborando, interpretando, tentando achar correlações entre a linguagem cifrada destes profetas e o momento atual.  Agora, com a renúncia de Bento XVI, lá fui eu pesquisar e me  deparei com uma das últimas profecias do livro de Pier Capri sobre o “iniciado” Johannes – o arcebispo Angelo Roncalli. O autor explica no livro o envolvimento do futuro papa numa ordem iniciática, em 1935:
1935. A vida não é fácil para Angelo Roncalli, ar­cebispo de Masembria, legado apostólico na Turquia. Ele também, como todos os sacerdotes e religiosos, por motivo de perseguições, deve envergar trajes bur­gueses. É vigiado, tem dificuldades para se movimen­tar, os espiões estão em toda parte. No entanto, as pessoas que lhe eram próximas viram-no sereno como nunca, sereno além da alegria que sempre soubera transmitir aos outros, sobretudo nos momentos de maiores dificuldades. Precisamente nesse tempo, iniciou o seu contacto com um mundo desconhecido. (Carpi, 1979, p.52)

A partir daí, o autor conta como teve acesso a essas informações e à transcrição de algumas profecias de João XXIII. É leitura interessante e fértil para quem se interessa pelo tema. Recomendo. Mas a profecia que publico abaixo me chamou a atenção logo em suas duas primeiras linhas:

É o tempo dos dois imperadores. E a Mãe não tem pai, porque são muitos os que querem ser seu pai. E dois são susten­tados pelos contendores.
Erguem-se os gritos e as barreiras da conten­da, mas já das águas sai a Besta. E a carestia para os exércitos. Os homens calculam morrer. E após a carestia, a peste. Deus desencadeou a guerra da natureza para impedir a guerra dos homens. O primeiro imperador morre de fome,  en­cerrado na torre de seu sonho. O segundo imperador no deserto, acometido pelos animais da pestilência, desconhecidos. A filha de Caim saiu para o Norte, a pregar. Luxúria na nova Babilônia, durante sete anos. No sétimo ano cai o sétimo véu de Salomé, mas não existe imperador, não existe quem saiba erguer a espada e cortar o pescoço de João. O tempo está próximo. (Carpi, 1979, p.164)

Impossível não associar os dois imperadores aos dois papas com os quais a igreja católica, inesperadamente, passou a conviver. A partir daí, os simbolismos começam a surgir e a interpretação passa a ser tarefa de mestres e iluminados. No entanto, podemos arriscar algumas tentativas mais óbvias. O texto se refere ao auto-exílio de Bento XVI: O primeiro imperador morre de fome, en­cerrado na torre de seu sonho. E também prevê um futuro sombrio para o papa Francisco: O segundo imperador [morre] no deserto, acometido pelos animais da pestilência, desconhecidos.
Porém, restam mais dúvidas do que coincidências. Que besta é essa que sai do mar? E quem será a filha de Caim que saiu para o Norte a pregar? Luxúria na nova Babilônia? Carestia, peste? Tudo me parece tão familiar... Mas só intuo, não me atrevo a interpretar. Só sei que vai durar sete anos até cair o véu de Salomé. E, acima de tudo, o que me assusta é  saber que o tempo está próximo.
Quem conseguir enriquecer as interpretações, por favor, se manifeste!

*As profecias do papa João XXIII – A história da humanidade de 1935 a 2033. Editora Difel.