Começo o ano com um pensar do rabino Sholem Aleichem tirado do livro A cabala da inveja*, de Nilton Bonder. Fala de preservação e cuidados com a expressão de nossa felicidade e de como devemos cuidar de nossas palavras e saber como e a quem dirigi-las. Uma bela reflexão judaica sobre a alma humana. Feliz Ano Novo!
“'Uma pessoa deve sempre levar em conta os sentimentos de seus vizinhos... Portanto, se eu tivesse ido a uma feira, por exemplo, e lá viesse a obter bons resultados, conseguindo vender tudo com um bom lucro, e retornasse com meus bolsos cheios de dinheiro, e meu coração palpitando de alegria, não deixaria de dizer a meus vizinhos que tinha perdido até o último de meus copeques -, que era um homem arruinado. Assim, eu ficaria feliz e meus vizinhos ficariam felizes. Porém, se ao contrário, tivesse perdido tudo na feira e trouxesse comigo um coração angustiado, teria o cuidado de dizer que nunca, desde que Deus criou as feiras, houve uma tão maravilhosa como aquela. Vocês me entendem? Sim, pois assim eu me sentiria muito infeliz e meus vizinhos, também, junto comigo...'
Ao lidarmos com a inveja e com os conflitos afetivos em relação ao outro, os rabinos nos explicam, estamos explorando as fronteiras do ser humano. Da mesma forma que é humanamente mais sofisticado estar contente do que é estar triste, ou que as lágrimas nos são mais acessíveis que a gargalhada, também na questão da solidariedade e do amor é mais fácil sermos empáticos ao sofrimento e fracasso do outro do que participarmos do sucesso e alegria do outro. Nesta fronteira nos flagramos e nos descobrimos."
* BONDER, Nilton. A cabala da inveja. RJ: Imago, 1992.
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