Páscoa
é morte e renascimento. Mudanças são necessárias. Aí vai um texto que fala
muito bem disso
O medo vem da consciência dos limites. E
os limites só existem em quem tem consciência dual. Quando você tiver medo,
avance. O medo é diferente da percepção intuitiva, que nos faz vencer os
perigos. Medo é limitação. Então, quando sentir medo, é sinal de que tem de
enfrentar uma prova. Avance. (...) O medo vem da ilusão de que as coisas são
estáveis e sofrem o risco de deixar de sê-lo. A estabilidade não existe. Nada é
estável. Tudo é movimento. A Terra em que pisamos é uma nave em alta
velocidade. O poder da dualidade reside na ilusão da estabilidade. O pólo dual
crê que existe. Pensa-se estável. O pólo oposto também. E ambos julgam que o
outro é uma ameaça à sua estabilidade. Então se repelem e colidem. A ilusão da
estabilidade é mãe da ilusão da dualidade.
Contra a ilusão da estabilidade, a
divindade superior joga com Três Mestras; a instabilidade, a mudança e a
imprevisibilidade. A instabilidade se ri das dualidades. Tudo passa e muda. Em
vez de nos dar receio, isto tem que nos dar alento. É promessa de vida. São
novos desafios. Provas de aperfeiçoamento. Força-nos à alquimia da consciência.
Devemos ser gratos à instabilidade. Ela dá tempero à vida. É, em si, a essência
da vida. É o divino mexendo seu jogo de marionetes para fazer-nos mexer. Ela é
divertida. Por causa dela a vida é rica. Seria chato viver sem ela. Ela é a
dança divina. Detrás do caos aparente, ela é uma melodia harmoniosa, tanto mais
bonita quanto mais a escutamos. Não fique tenso por ela. São os dedos divinos
nos tamborilando. Relaxe e divirta-se com a instabilidade. O iniciado descansa
no movimento. Ele encontra a paz na própria instabilidade, à qual pede benção
com entrega e confiança.
A segunda grande Mestra da dialética
divina é a mudança. Ela é o renascimento contínuo. A eternidade se esconde na
mudança. Não lhe tenha medo também. Deseje-a. Espere por ela como o amante
espera pela amada. Ela é promessa de renovação. Se algo ameaça mudar, relaxe e
aproveite, pois com a mudança, descobrimos mundos novos. Somos os atores de
novas peças. Isso é divertido. As mudanças são sempre amigas, enquanto promessa
de novas experiências. E toda nova experiência nos faz desaprender bobagens, se
estamos despertos para ver e escutar seus ensinamentos.
E a terceira Mestra é a
imprevisibilidade. Ela põe inseguros os egos. É a mais generosas das Mestras
porque é o desconhecido. Deus está oculto do outro lado do conhecido. É sempre
Ele que nos espreita do desconhecido. Por detrás desse véu, está o infinito, o
divino, novos conhecimentos. Como então receá-lo? Espere-o com devoção. Entre
nele de peito aberto. Cruze essa fronteira. É um passo a mais para perto da unidade.
A unidade vem dos malabarismos das Três Mestras. Se as vemos como amigas, elas
nos ensinam a unidade. (...)Por isso, confie nelas e entregue-se a elas de
olhos fechados.
“A
Viagem Interior”- Francisco Boström
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